ATA DA VIGÉSIMA SEXTA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 30.06.1992.

 


Aos trinta dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e dois reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Vigésima Sexta Sessão Solene da Quarta Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às dezessete horas e quatorze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a conceder o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Nelson da Silva Porto, concedido através do Projeto de Lei do Legislativo nº19/92 (Processo nº472/92), de autoria do Vereador Nereu D’Ávila. A seguir, o Senhor Presidente convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Vereador Dilamar Machado, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Senhor Nelson da Silva Porto, Homenageado; Senhora Suely da Silva Porto, esposa do Homenageado; Senhor Olívio Dutra, Prefeito Municipal; Professor Darcy de Oliveira Ilha, representando a Faculdade de Medicina da UFRGS; Doutor João Polanczyk, Diretor Geral da Santa Casa de Misericórdia; Senhor Ivo Stein, Prefeito Municipal de Soledade, e  o Vereador Nereu D’Ávila, Secretário “ad hoc”. Em continuidade o Senhor Presidente reportou-se acerca da solenidade e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Nereu D’Ávila, proponente e em nome das Bancadas do PDT, PT, PMDB, PTB, PPS e PL, teceu comentários sobre a vida pregressa do Homenageado, lembrando a trajetória profissional do mesmo em Soledade e em Porto Alegre, lecionando em duas faculdades. Disse ser merecedor desta honraria pelo talento científico, reconhecido internacionalmente como radiologista. O Vereador Mano José, em nome da Bancada do PDS e como médico, disse da satisfação de poder homenagear o amigo, mestre e colega de profissão. Falou do carinho que o Homenageado transmite a seus pacientes e pessoas que o procuram. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para assistirem, de pé, a entrega da medalha do Homenageado pelo Senhor Olívio Dutra, bem como, do Diploma pelo Vereador Nereu D’Ávila. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Nelson da Silva Porto que agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Após, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e dois minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária do dia três de agosto, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Dilamar Machado e secretariados pelo Vereador Nereu D’Ávila, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Nereu D’Ávila, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE: inicialmente, concedo a palavra ao proponente desta homenagem, ilustre Vereador Nereu D’Ávila, líder da bancada do PDT, que falará também em nome do PT, PMDB, PTB, PPS e PL.

Destaco ainda a presença entre nós do Ver. João Dib e do Ver. Mano José, o único Vereador Médico nesta Casa.

Com a palavra, o Ver. Nereu D’Ávila.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: (Menciona os componentes da Mesa.) Primeiramente, quero dizer que é um misto de emoções nesta tarde e noite de inverno no Rio Grande, visto que algumas circunstâncias enfatizam esta solenidade.

Antes de mais nada, para explicar aos leigos, que há duas espécies de homenagens nesta Câmara, o Cidadão Emérito que tem aprovação de maioria simples do Plenário e há um elenco de prerrogativas para a concessão deste título de Cidadão Emérito. E há um título maior, de Cidadão de Porto Alegre, que necessita de 22 votos, ou seja, 2/3 dos votos da Casa para a concessão de Título. Portanto, um título mais forte, mais honorífico e mais representativo. E no elenco de atribuição que a pessoa deve possuir, para que lhe seja outorgado esse título, evidentemente, há maior necessidade de currículo e de serviços prestados como prescreve a lei que assim o determina. Para dizer que nós, dentro das características do Nelson da Silva Porto, nós lhe outorgamos o Título de Cidadão de Porto Alegre e os 30 Vereadores presentes, dos 33 votaram nominalmente, portanto, com unanimidade esse título. Eu só ilustro isso pelo significado que isso representa, há essa diferenciação. De outro lado, nós fizemos essa homenagem por dois motivos: o primeiro motivo é óbvio, é pelo talento científico do homenageado, reconhecido internacionalmente como radiologista. Eu dizia para a Lucia, sua filha mais velha, que um médico de Caxias, também radiologista, Dr. Jaime de Carle, com quem não mantenho relação de amizade, mas sim ele é amigo da minha mãe, e ele declarou, sendo radiologista, que o Nelson da Silva Porto é reconhecido internacionalmente, inclusive, como um dos melhores, se não o melhor, radiologista da América. Portanto, aí está um depoimento insuspeito, de pessoa qualificada. Então, essa homenagem abrange primeiramente a qualificação científica do professor, do pesquisador, do grande médico Nelson da Silva Porto. O seu currículo honra qualquer faculdade do mundo. Mas há incrustada nesta homenagem uma outra, e os Senhores perdoem, que é de forma afetiva e sentimental, ela está ligada a nossa Soledade, a nossa querida terra. A maioria dos rostos que vejo aqui configuram nossos conterrâneos de Soledade e ainda temos a honra de ter o Prefeito que, alias, é de um Partido que não é o meu, nem o Prefeito de Porto Alegre, que muito honra esta homenagem, porque não é comum o Prefeito de Porto Alegre vir a estas homenagens, normalmente manda representantes. Portanto, é qualificada esta homenagem nesta tarde. E quero deixar bem claro que a conotação que quis dar a esta homenagem, é que ela não é pluripartidária, ela está acima dos partidos, aliás, não precisaria nem referir essa frase. Mas, eu dizia, me perdoem os que não são de Soledade, a homenagem tem uma conotação também afetiva, porque eu entendo que Soledade não tem,  ou não tinha, até hoje, se preocupado com os seus filhos talentosos. Eu quis, em homenageando um dos mais ilustres filhos, eu quis que se quebrasse esta tese, talvez, por excesso de afetividade entre os Soledadenses, de não destacar os seus filhos, que são destacados quase que no mundo todo, internacionalmente, como é o caso do Nelson, e que não tem o reconhecimento da sua terra e da sua gente. Aliás, se diz muito, em Soledade, que ela é ruim como mãe e excelente como madrasta. Então, vai incrustada nesta homenagem, também, a nossa pontilha de orgulho de Soledadenses, deste gênio científico, deste cientista gênio, também com seus alunos, muitos, aliás, hoje, médicos lá, em Soledade, da minha geração, seu irmão que também nos honra com a sua presença, da nossa geração, que fazem blague, que tal é o talento do Nelson que, nas aulas de medicina, com a radiografia na mão, atesta as doenças que o paciente teve na sua infância ou na sua puberdade. Claro que há um excesso, o avantajado talento do Nelson já corre evidentemente, pelas cânones, às vezes, do excesso mas bem representa a qualificação médica deste profissional. E mais como professor, unanimemente, reconhecido pela sua vocação professoral, pela cátedra; quando estudante, contava para nós, ainda pretendente de um curso universitário, ele era um modelo de dedicação aos estudos, e este exemplo personificou na sua própria família, na sua esposa, nos seus filhos, que também tiveram essa qualidade de dedicação aos estudos. Na época, ainda engatinhando na cátedra, obteve em concurso nacional a única vaga para aperfeiçoar-se na Suécia; lá, teve acesso a arquivos médicos que nunca foram abertos para outras personalidades, tal o destaque no curso que fez. Estudante pobre que foi, no próprio navio  foi médico para custear também a sua viagem. De modo que o esforço pessoal, o denodo, o talento, a vocação, tudo isso aliado, é que faz, num determinado setor, alguém sobressair-se muito acima dos demais. Não é este pobre, humilde Vereador que está a exaltar um concidadão seu. Não, e a unanimidade do mundo científico, é o depoimento unânime dos seus alunos, é a consagração daqueles que o conhecem, que com ele convivem. Portanto, essa homenagem é miscigenada, é misturada, é uma simbiose do afeto  que temos pelo Nelson, pois ele é a personificação da modéstia e da simplicidade. E a grandeza dos homens está exatamente nisso, porque a soberba, a arrogância é a fuga dos medíocres; a simplicidade, a humildade é a característica daqueles que se sobressaem entre os seus semelhantes. Aliás, alguém já disse que não se mede a grandeza dos homens pela vida que eles levam, seja ela uma vida pomposa ou uma vida obscura. A grandeza dos homens se mede pelas idéias que eles difundem, pelos sentimentos que eles comunicam aos seus semelhantes e pelos atos que eles praticam. No caso do Nelson a sua grandeza está consubstanciada à sua simplicidade.

Aliás, lembro na minha adolescência, convivendo com o seu irmão, porque ele já era médico consagrado, naquela época quando ainda não havia, como há hoje, a institucionalização oficial do Ministério da Saúde em relação aos prejuízos do fumo, ele  nos alertava, seguramente a mais de 25 anos, dos males do cigarro e eu jamais esqueci, porque, felizmente, para mim, eu consegui ser um não-fumante. Naquela época apregoar os males do tabaco não era ainda comum e nem constava como hoje consta até em publicidade oficial do Ministério da Saúde. De modo que o seu exemplo, para a nossa geração, já começava no seu aconselhamento, passava depois por livros, que ele recomendava para se lesse para se ter a noção exata do que era o inicio de uma cultura geral.

Então, me perdoem aqueles que estão podendo notar que eu estou misturando muito, e não poderia ser de outra maneira, porque não poderia fugir à eloqüência da presença da influência que o Nelson, todos que o conhecem o chamam assim, não pelos seus cargos honoríficos, pela sua titularidade na cátedra, o seu exemplo veio desde longe, por isso nós, aqui nesta tarde, estamos legalizando Cidadão de Porto Alegre, alguém que muito cedo veio para cá e já tirando os primeiros lugares - naquela época separados eram os vestibulares - tirando um dos primeiros lugares na Faculdade de Medicina, fazendo, inclusive, e não podendo terminar o curso de Filosofia pela simples razão de que o curso de medicina lhe absorvia todo o tempo. Mas ainda assim, naquela época os alunos de Filosofia pediam para ele, tal a sua aplicação, que desse aulas para eles e ele, prontamente, os atendia porque a vocação da cátedra, a vocação de lecionar era nata e continua até hoje. De modo que esta Câmara que representa ou deve representar o povo de Porto Alegre, através dos seus trinta e três Vereadores, reconhece, finalmente, o que todo o mundo científico já havia reconhecido, o talento de Nelson da Silva Porto. E, como me relatava a sua primogênita era necessário também, publicizar, tirar fora do casulo, projetar aquela relação paciente-médico, aquela relação aluno-professor, aquela relação cientista consagrado e os que o rodeiam, era necessário que se tirasse do seu circunscrito círculo e se projetasse esta publicidade através de uma titularidade e esta titularidade veio quando, ao abrir os jornais, um belo dia li que o Nelson da Silva Porto, mais uma vez, estava recebendo um prêmio de láurea no Rio de Janeiro, prêmio nacional, pelo seu destaque nas suas funções médicas. Então, foi a gota d’água para que eu não titubeasse mais um minuto em pensar: “Mas afinal, o que estamos fazendo nós?” e aí vem, também, o conteúdo de soledadense, mas este é apenas sentimental e afetivo, porque mesmo que não fosse de Soledade, esta homenagem se impunha, porque ela não está nos cânones dos soledadenses, não se circunscreve aos soledadenses, ela foge das nossas mãos e os testemunhos são muitos para que eu pudesse estar falseando a verdade. De modo que esta homenagem de Porto Alegre se impunha àquele filho de Soledade, porque filho adotivo o é de Porto Alegre, que honra as cátedras aonde leciona nas duas faculdades, para que pudesse receber esta honraria de Cidadão de Porto Alegre. Naquele momento, perscrutamos o seu currículo e não havia outro resultado que não o da unanimidade da Casa para essa titularidade que é a maior, a mais forte que esta Câmara pode dar. Em determinados momentos se pode até questionar um ou outro título, mas no caso em tela, os Senhores que estão me ouvindo sabem, alguns mais do que eu, da justiça desta concessão. Gostaria que aqueles que vieram lá da nossa terra fria, da nossa serra, lá de Soledade, o Prefeito e a dona Jurema, levassem para lá a notícia de que Soledade, já não pode mais ser caracterizada naquele sentido de não valorizar os seus filhos, porque agora, mais do que nunca, ele simboliza a nós todos, soledadenses. Muitos filhos ilustres saíram daquelas plagas, é verdade, mas eu procurei consubstanciar num sentimento acima de qualquer suspeita, acima de qualquer conteúdo ideológico, acima de qualquer conteúdo partidário. E neste momento aproveito, também, para homenagear, Nelson, me perdoe, alguém que deveria ter sido reconhecido por esta Cidade e não o foi, e morreu sem ter a devida importância pela sua qualificação médica, um outro ilustre Soledadense que foi Zaluar Campos, não só nos seus atributos pessoais para o atendimento fantástico, em relação a sua simpatia, mas também pela sua enorme contribuição ao mundo científico, principalmente na área da neurocirurgia.

Deste modo penso que está o novo Cidadão de Porto Alegre devidamente inserido na história de Porto Alegre, através dos anais desta Câmara. Penso que com o Diploma que irá receber o Nelson, ele certamente representará no estrelato das demais láureas científicas que recebeste, não cientificamente, mas politicamente no sentido amplo e global, porque ficará assinalado que esta Cidade de Porto Alegre fez, legal, moral e legitimamente seu filho, seu cidadão, seu homenageado. E certamente isto é válido. Antes tarde do que nunca o reconhecimento dos seus concidadãos pelos notáveis serviços prestados à medicina e à sociedade como um todo.

Receba, Nelson, a nossa mais profunda homenagem. Não de um, mas do Poder Legislativo. Tenho certeza que o Prefeito de Porto Alegre, aqui presente, há de concordar de que o Município, independente de conotação político-partidária recebe o novo cidadão com todas as honras, fanfarras de alguém que adentra neste mundo não com a prerrogativa de consubstanciação alegórica, mas sim a sua formação humanitária e principalmente científica.

Nós todos soledadenses, porto-alegrenses, gaúchos e brasileiros, Nelson, estamos orgulhosos do teu talento e dos teus atributos pessoais. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Ver. Mano José, que falará em nome da sua Bancada, o PDS, por delegação do seu Líder, Ver. João Dib.

 

O SR. MANO JOSÉ: (Menciona os componentes da Mesa.) “Toda a conquista vitoriosa deve ser conseguida a custo de esforço e persistência, para ser duradoura e bela. Há, no interior do homem, forças latentes que lhe permitem realizar as suas mais altas inspirações. Estas forças quando acordam e se expandem no interior dos homens constituem vontade gloriosa e avassaladora.”

Com este pensamento que pautou a vida de Abrahão Lincoln, quero assumir esta  tribuna com minhas modestas palavras, homenagear, este mestre  e médico vitorioso, o Doutor Nelson da Silva Porto.

Nascido na pequena Cidade de Soledade veio a tornar-se um dos maiores, se não o maior, expoente da radiologia.

Graças a seu esforço, inteligência e brilhantismo conta o Estado com os serviços especializados deste médico, professor, conferencista, autor de diversos artigos e livros publicados que enriquecem os nossos cursos de medicina, proporcionando aos jovens estudantes uma formação mais qualificada.

A par de seus conhecimentos especializados, dedicou-se também a atividades administrativas e de indiscutível liderança na condição de dirigente de entidades da área médica, como a AMRIGS e o Colégio Brasileiro de Radiologia.

Podemos dizer do Doutor Nelson da Silva Porto, que é um profissional realizado, médico com uma trajetória de trabalho edificante, indiscutível, que no dia a dia da sua atividade muito contribui, através da assistência médica, para melhorar as condições de vida do nosso povo, que é tão carente em tudo.

Este homem, este cidadão, este médico, este mestre, tem-se dedicado em desenvolver o seu plano de vida em busca de uma meta e ideal a ser alcançado com muita imaginação, agindo sempre com confiança, otimismo, persistência e muito zelo pelo bem comum, sobrepondo-se a todo e qualquer tipo de obstáculo.

O que importa é a força que cada um pode oferecer, a colaboração que cada um pode dar, para a formação de uma sociedade melhor. E o seu trabalho e dedicação, certamente, contemplam rigorosamente este contexto.

Caro colega e amigo, se me permite, Doutor Nelson, o senhor que é um vitorioso e do qual se pode dizer um profissional realizado, que ao exercer a arte de curar, mostrou-se sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência. Quando esteve no interior dos lares, tenho a certeza de que seus olhos foram os mais cegos, sua boca a mais calada, mantendo, sempre, o mais absoluto sigilo acerca de todos os segredos que lhe foram confiados nessa brilhante trajetória.

Conhecendo seu trabalho e honradez, como bem conhecem as pessoas que residem nesta cidade, da qual eu represento uma parcela ponderável de sua população, posso garantir, sem sombra de dúvida, que o senhor Doutor Nelson simboliza para nós uma vida de dedicação exemplar, um verdadeiro marco na caminhada em prol da saúde da população tão sofrida de Porto Alegre. Que sabe um dia, se assim Deus nos permitir, pudéssemos dispor de muitos e muitos profissionais com a categoria, inteligência, dedicação e sensibilidade do Senhor. Só assim, e somente assim, tenho a convicção que o mundo estará evoluindo, pois os homens estarão, realmente, em condições de construir uma vida melhor.

Doutor Nelson, Porto Alegre realmente só pode expressar-lhe o seu singelo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convido o Prefeito Municipal e o Ver. Nereu D’Ávila para a entrega do Diploma e da Medalha respectivamente. (Palmas.)

É feita a entrega do Diploma e Medalha ao Sr. Nelson Porto.

 

O SR. PRESIDENTE: Tenho a honra de passar a palavra ao nosso novo conterrâneo honorífico de Porto Alegre, Dr. Nelson da Silva Porto.

 

O SR. NELSON PORTO:  (Menciona os componentes da Mesa.) Eu não tenho engenho nem arte para começar dizendo outra coisa que não seja “muito obrigado”. É óbvio que eu não sou aquela pessoa que foi descrita assim, mas tenho algumas crenças que talvez tenham justificado o que foi dito a meu respeito. Tenho uma crença profunda, entranhada e inelutável na importância do conhecimento científico. Tenho também profundo respeito, admiração e tomo como modelo o trabalho bem feito e especialmente continuado. É muito fácil ter um espasmo de esforço e preparar a tese, o curso e fazê-lo como uma exploração vulcânica, mas é muito difícil e energeticamente consumidor trabalhar contínua e persistentemente. Não vai nisso nenhum desrespeito pela realização de uma tese se ela fizer parte da continuidade, da dedicação e do trabalho, mas não tem na minha cabeça respeito algum se isso for uma ocorrência episódica.

É possível que sejam essas crenças na maneira de enfrentar o conhecimento e na maneira de proceder na vida de todo o dia que tenha sido, que tenha carreado algum respeito pela minha pessoa. Nisso eu fui muito feliz, mas a maior felicidade e para descrevê-la eu espero que a emoção não me esmague foi ter conhecido como aluna e, desde 1954, conviver como esposa, a Suely. Eu tive alguns outros companheiros que como eu têm crenças semelhantes. Um deles está aqui que é o Dr. Darcy de Oliveira Ilha o outro que foi quem me apresentou para o Dr. Darcy Ilha, o Sr. José Valdir Jô, não se encontra aqui, mas durante um período muito longo nós lutamos por idéias semelhantes, batalhamos por bandeiras iguais e isso foi extremamente importante. Mais tarde eu conheci uma outra pessoa que influiu significativamente na minha vida, que cativou o meu afeto, que me seduziu pela inteligência que foi o Prof. José Fernando Cerneiro. Com ele eu acompanhei a criação dessa Casa onde grande parte da minha existência profissional tem se desenvolvido que é o Pavilhão Pereira Filho. Os membros com quem há muito tempo eu comecei a conviver e continuo convivendo têm sido de uma enorme importância na minha formação. Eu considero, apesar de 65 anos, estar em plena formação. Eu acho que uma pessoa do ponto de vista intelectual e moral nunca se formou, está sempre se formando. Convivo com essas pessoas do Pavilhão Pereira Filho, numa estimulação continuada, num desafio permanente, tem sido um dado extremamente importante para que nós possamos fazer, naquela instituição, o que temos feito na sucessão dos anos. Esse reconhecimento dentro da Santa Casa durante muito tempo não houve, mas desde que o grupo de recuperação do Pavilhão Pereira Filho, liderado pelo Dr. João Polanczyk, encarou diferente a posição do Pavilhão dentro do complexo hospitalar da Santa Casa, felizmente isso mudou e nós temos tido a nossa vida facilitada e, principalmente, reconhecida no enorme esforço com que lá procuramos desenvolver as coisas. As palavras elogiosas que recebi aqui obviamente foram ditadas por duas razões, pela amizade: o fato de sermos da mesma terra, o fato de sermos parentes, levaram o Ver. Nereu D’Ávila a dizer tudo o que disse. O Ver. Mano fez isso provavelmente como uma homenagem a um professor idealizado que ele foi juntando numa colcha de retalhos de grandeza na minha pessoa aquilo que ele viu na história da sua Faculdade de Medicina.

Eu acho que não me resta mais nada senão novamente agradecer, já que eu sou um péssimo orador e, principalmente, um emotivo que não tem tratamento. De modo que quero repetir: muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h02mim.)

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